Qual é a saída? Esta é a primeira frase que a jovem Elisa canta no tema com que ela iria representar Portugal em Roterdão. Chama-se Medo de sentir. Novamente os portugueses enviam uma pequena composição, um pouco triste, sem muito texto, nem baterias, nem guitarras, aqui e ali um adequado acorde no piano.

Dueto
O tema faz pensar no tema que representou Portugal em 2018, O jardim de Cláudia Pascoal. Igualmente calmo e também interpretado por uma jovem cantora, enquanto a compositora está presente em segundo plano. Em 2018 era Isaura e agora, em Medo de sentir, é Marta Carvalho. Ela escreveu e compôs a canção, está no palco sentada ao piano e também acompanha a meio do temo.

Número dois
Como já aconteceu frequentemente: os júris e os telespectadores discordaram sobre quem deveria ir a Roterdão. O público preferiu o maroto Passe-Partout de Bárbara Tinoco, o júri o peculiar Gerbera amarela do sul de Filipe Sambado. Este último pareceu-se, em termos de interpretação e contexto, mais com Telemóveis de Conan Osíris, o tema que no ano passado (2019) surpreendentemente esbarrou na semifinal. Piada ou arte? Os Portugueses estavam divididos. Mas – também comum – o público e os júris concordaram com o segundo lugar, a Elisa, e por isso venceu.

Letra
Qual é a saída
Eu acho que já não sei amar
E se o amor me convida
Agora não consigo aceitar
Parece que é rotina
A minha solidão teima em voltar

Assim abatida começa a narração da Elisa. E todo o resto da canção irradia pouco sol, devido a:
Se me dás a tua mão eu não sei como vou reagir
Se falas de coração
parece que estou outra vez a ouvir
Mais uma ilusão
que não tarda muito em partir
No refrão temos mais um vislumbre da razão de toda essa tristeza:
Eu não era assim, mas agora tenho medo de sentir
Pergunta ao tempo, ele sabe tudo sobre mim
.
Esta última frase é repetida duas vezes, e aí se esconde o núcleo. Elisa (ou o “eu” da letra) viveu algo que bloqueou o seu coração. O que foi não ouvimos – apenas o tempo o sabe.
E não há então qualquer hipótese?
Dificilmente.
Ou talvez sim. A última parte da letra revela: E se um dia eu voltar, esperarás por mim?
E esta parte oferece uma pequena esperança. Existe, portanto, um “tu” e portanto uma pequena probabilidade de que o “eu” algum dia retornará do seu exílio sentimental.

Elisa
Elisa Silva não tem uma grande carreira. Em jovem participou em alguns programas para novos talentos, nos quais cantava sobre nuvens e borboletas. Medo de sentir é a sua primeira interpretação adulta, a qual deve à compositora, que foi convidada pela televisão Portuguesa, mas decidiu não interpretar e Elisa, que também é representada pela mesma empresa de Lisboa (Great Dane), aceitou interpretar o tema.
Muitas piadas sobre a Elisa também não são conhecidas. Eventualmente: a wikipedia está confusa sobre a sua idade. Se qualquer pessoa conhecida tem imediatamente a data de nascimento e idade, a enciclopédia digital revela em todos os idiomas que a Elisa nasceu no final de 1999 ou início de 2000.

E ainda…
A propósito, um grupo muito popular participou na semifinal em Portugal. O anúncio que o grupo Blasted Mechanism foi notícia em Portugal, e o seu Rebellion era um tema do qual não teriam de se envergonhar. No entanto… o grupo não passou da semifinal. O público escolheu-os, mas os júris colocaram-nos em baixo na tabela. Se isso se deveu à canção, ao género musical ou à interpretação não se sabe. Talvez rejeição da língua Inglesa? Portugal nunca participou com uma canção em Inglês. Ou, uma última possibilidade, talvez a eliminação de Rebellion tenha sido pura rebelião.

2021
Neste momento, não há informação por parte da RTP, se o método de seleção para 2021 se vai manter e/ou se Elisa terá alguma preferência ou prioridade na seleção.